Sunday, March 12, 2006

paixão platônica, dói

dois meses sem ver o bichinho. vou não vou, passo não passo. cacete! está dúvida é que me mata. será que foi vendido ? putz! mas também por quatro mil não tem conversa. vou lá ou não vou lá? passo pela frente ou não passo ? sou um homem ou um jeg sem motor ? fui.

estava evitando passar pela antiga estrada que leva a pontezinha para não ter o desgosto de saber que o jeg fora vendido. ou mesmo de não resistir e dar a entender o meu interesse demasiado. quando se sai do litoral sul de pernambuco, mais conhecido pelas praias de porto de galinhas e tamandaré, chega-se a br 101, famosa por seu mau estado de conservação , agravado no trecho onde funciona como perimetral no grande recife. e que só vai melhorar quando se ultrapassa a fronteira e chega-se ao trecho em território paraibano, aí chamado de rodovia governador mário covas, vá se entender porque, não porque o mário covas não o mereça, mas porque tem gente na região que merece, apesar da imagem de cabra-safados dos políticos locais( e na verdade a maioria é). mas quem quer saber disso, quando o assunto é jeg?

o jeg estava na antiga estrada que levava a pontezinha, daí a prazeres, e que não comportando mais o tráfego, funciona como alternativa para o novo trecho que já ficou velho mal foi inagurado.

quando vejo já estou na estrada e lá está ele. ao lado do seu irmãozinho azul, entre duas carcaças de kombi, já meio chocho por tanto tempo de sol e chuva, apesar de uma rebarba de sombra.

desço atravesso a rua, não sei se o dono me reconheceu. pergunto: — quanto está pedindo pelo bichinho ? e ele, seco: — 3.500.
voltamos ao começo. os mesmos 3.500 que o outro dono, aquele que vendeu a este, havia me pedido há quase oito meses atrás. este agora havia baixado 500 pilas. mas eu não havia baixado a guarda. a quebra de braço prometia. e lá ia eu correr o risco de novo de perder a compra.

cada vez mais apaixonado, dei duas voltas em torno do jeg, como se fosse um macho a cortejar a fêmea, olhei-o por baixo. nada de vazamentos, suspenção em bom estado, mas sem o protetor dianteiro, menos mal.

levantei-me e resisti. dei bom dia e fui-me embora. quando chegar a dois, compro, cá comigo mesmo, cheio de empáfia, ao tempo que dizia também cá comigo mesmo: — isso ainda vai me custar caro, compra logo otário. — otário é se eu comprar agora. vou continuar com meu desdém(mal disfarçado!) e nem vou pechincar.

estufei o peito, arranjei uma cara de desinteresse diferente, mas não antipática, tipo não tenho este dinheiro todo, disse vou pensar, alisei o lombo do jeg e fui-me embora.

queria mesmo era já sair dalí montado nele. e olha que estava no mp lafer, 75, outra de minhas paixões, com um motor cheio de amor pra dar mas que naquele momento eu desprezava olhando pelo retrovisor aquela paixão platônica demais pra conta de 3.500 reais.

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