Sunday, December 23, 2012

enfiando o pé na poça(de lama)

     normalmente não publicamos coisas desse tipo por aqui(até porque devem ter sido vistas por quem mais aficcionado). vamos abrir uma exceção - dever ser o clima natalino;) - e publicar alguns "testes". mas para não perder a viagem, nem o ritmo, apesar da lama e do foco que encobre alguns detalhes, atentem para capota que foge ao original de uma forma até perigosa, pois o que tomou de abertura nas laterais parece ter sido roubada do visor traseiro que é um pudim de ponto cego. carregas um carona orelhudo no banco de trás - o que já é um baita de um castigo - e ai é que não vês nada mesmo. o espelho retrovisor direito também foi pro brejo(marcas de alguma trilha) mas o "puta que pariu!", como é famosamente conhecido o arco de apoio para o carona está lá. bancos também fogem a originalidade com o acréscimo do "segura pescoço" que muitos optam em nome da segurança. mas se a questão é segurança, então não meta o jeg onde ele não possa sair sozinho o que, claro, também depende da cordenação entre munheca, embreagem e acelerador de quem o conduz. como é óbvio, os pneus também não são os originais "cidade e campo" com tala alargada para pegar a lama( e só) o que deixa o jeg bastante amarrado em uso "normal" e ainda mais bebedor. mas ele pode. você é que não. ainda mais com a multa de quase dois mil reais zunindo sobre sua cabeça.

Sunday, July 08, 2012

qual é mesmo o preço deste jeg? ou que jeg é este seu moço?



- qual é o preço deste jeg?
- sessenta mil.
- quanto!?
- sessenta mil reais.
- 60 o quê?!
- S E S S E N T A  M I L  R E A I S!*
- s e s s e n t a  m i l  r e a i s ?***
- cacete!

não meu caro leitor. você não leu errado. e eu não estou fazendo pegadinha nem humor de domingo. tampouco o dono do jeg é um lunático ou lunático e meio aquele que comprar o veículo por este preço**. mas se tudo tem um preço você deve levar em conta o preço que você vai pagar por pagar este preço, se for o caso.
* preço cobrado inicialmente. hoje pede-se 52. muito tempo depois não se sabe se foi vendido. tudo indica que não. e voltou a qt.


** 60 mil não pareceu caro para o proprietário deste outro jeg, também a venda pela bagatela de 45 mil reais nesta data(antes o preço era maior) - o preço foi aumentando a passagem do tempo, começou em 28, 32, 38 e - decerto com este jeg 4x4 inflacionando o mercado - chegou aos 45. ainda assim, antes de aumentar(ou descer) o preço, ele ofereceu o seu, e salvo engano mais um gol pelo 4x4 branco desta postagem(a oferta foi suprimida do anúncio antes de atinássemos em salvá-la) e olha que o jeg dele, este azul abaixo, tema de nossa próxima postagem, ainda que não simpatize com seu projeto de reforma, há de se reconhecer nele apuro de materiais e uma certa lógica de reconstrução.


*** costumamos nunca postar materiais sobre jeg postos à venda antes que completem pelo menos trinta dias de anunciados. tampouco indicamos onde estão à venda. não temos a pretensão de achar que nossas opiniões influenciem a compra ou não de qualquer jeg - mas digamos que o tempo é para que o jeg à venda fale por si próprio. outrossim, para manter a linha editorial, sublinhamos que neste momento temos também um jeg de nossa propriedade à venda, que não é anunciado aqui, tampouco onde o é, e no anúncio está vinculado ao voudejeg. assim ninguém poderá dizer que falamos isso ou aquilo para privilegiar o quê ou quem quer que seja. a isto chama-se ética editorial. no brasil, coisa de jeg, particularmente falando.





o preço do preço daquilo que você preza.



ao negociarmos um carro antigo o preço sempre terá 3 variantes:

- o preço que o proprietário quer para vender o carro;
- o preço que o comprador quer pagar pelo carro ;
- o preço final, aquele que foi acertado entre eles;

aprendi isto com um proprietário de um mp lafer, nos tempos em que possuia um, e relatei abismado o preço cobrado por um lafer, muito bom, mas com alguns pecadilhos na restauração.


aplico aqui então o texto e as observações sobre o mp. " outra coisa, o jipe jeg dacunha é um carro para poucos, apenas para quem é um entusiasta da marca. e para estas pessoas as vezes o preço não importa"  mas só para estas pessoas. não considerem aquelas que perguntam vende? pensando que jeg é veículo pra se comprar a preço de banana: a estes, dê a própria. 


no detalhe o estribo lateral coberto. para alguns uma medida de segurança para evitar que o pé fique preso e cause maiores acidentes. é de se pensar.

entre dentistas e cirurgiões de plástico

o símbolo 4x4 somado a logo vw e a logomarca jeg na lateral alinhadas em reta de uma lanterna de pisca - útil, fosse outra a sutileza - também me dão nevralgias. os espelhos acima da posição normal para muitos melhoram a visibilidade. agora estes faroletes nas laterais inferiores do para-brisas são uma incógnita(para os vagalumes). destaque positivo para o protetor de barra estabilizadora.


seguindo as patas de raciocínio equino, se você assim o quiser chamar, sobre este jeg há muito - e não há -  a dizer. depende do seu rigor e ponto de vista sobre restauração x reforma. originalidade x adaptações. de cara, ele fez um face-lift que é de doer no meu humilíssimo ponto de vista. mas eu, já deve ter ficado claro para os meus  leitores, não sou adepto de cirurgias plásticas. tampouco de clareamentos e facetas para deixar todo mundo com falso sorriso de brilhantes. 


senão vejamos: de fachada a infame e total descaracterização com a aplicação do lettering (tipografia) do nome volkswagen ao exemplo do ford eca que por usa vez já copia os land rovers(algum complexo?).

os faróis quadrados - coisa que o jeep wangler fez e arrependeu-se, a tempo - são a antítese do dna jeep. o jeg é um jeep para quem não sabe. o "radiador de kombi", somado aos faróis quadrados e as lanternas, e o retoque das quinas dos paralamas são de dar dor de dentes até mesmo para quem é anestesiado para os detalhes. a inclusão do suporte para guincho, também parece padecer do mesmo complexo de "car muscle bombado", com as redundâncias que se lhe bastem. 


demais gadgets como ganchos de reboque, grades de proteção de farol aumentadas e passa fios no capô não comprometem tamanho o comprometimento dado pelos itens citados. e paro por aqui, para não achar mais nesta foto porque estou ouvindo zumbidos de broca e já estou mais do que apavorado.


in tempo: a disposição e tamanho dos faróis adicionais sobre o "mata-cavalos" dão-lhe uma proximidade a nivas e samurais. se a intenção é esta, o desastre intentado é ainda maior.

frankstein room´s


nunca é demais lembrar que estamos tratando de um 4x4 - são raros e há diversas lendas sobre a quantidade - como se pode ver pela imagem de duas alavancas. o painel, que traz a parte central(velocimetro, odômetros da kombi) fere a nascente do verdadeiro espírito puro e duro de um jeep: dois instrumentos e fim de papo. mas isto não é privilégio deste jeg. o próprio catharino, que foi continuador da produção da dacunha, fabricante original do jeg, em sua qt, também utilizou o recurso dos mostradores da kombi no seu exemplar diesel filho único. o inclinômetro adicionado ao tipo de ignição, e as diversas chaves "salada" no painel completam o verdadeiro quarto de frankstein que se tornou o interior deste jeg. para o preço de 60 mil ou menos, como se cobra agora, ainda é muito pouco por metro quadrado. não o preço mas sim o cuidado estético com a montagem dos apetrechos do dito cujo.

roda, roda mas não apita o meu coração

detalhe da roda livre e das jantes que configuram o visual da lembrança do projeto original. o desenho dos pneus fica pelo meio caminho da aura dos 4x4. mesmo que seja só por uma questão de imagem e não de uso. é de se lamentar a falta de qualidade e alinhamento nos apliques de logotipos e logomarcas, repetimos, por 60 mil há que se cuidar dos detalhes com mais esmero, pois como já dizia o cara, de nome complicado*, deus está nos detalhes( e para mim o diabo também, principalmente).


*ludwig mies van der rohe

traseira que corresponde, infelizmente, a dianteira


tudo bem que a mecânica do jeg e outros componentes são da volkswagen. mas carago! o veículo é um jeg. então porque a logomarca vw do tamanho de um elefante nesta traseira enganadora que mais parece leviana calça levanta bum-bum? 


a começar da inversão da localização do galão, tudo é um deus nos acuda. lanternas originais substituídas pelas do gol bx - os soquetes mais difíceis de achar do mercado - que por sua vez estão intimamente ligadas a imagem do gurgel tocantins. a fechadura do motor mais parece umbigo de nascituros pobres - infelizmente tratados assim - protuberância fora do lugar que lhe é determinada, sem dúvida, pelo posicionamento do step, que até aqui vai na contramão do mercado que diz que estepe exterior já era - eles não pensam na mãe deles tendo de trocar pneus e retirando-o debaixo do veículo, com já documentados riscos de perda da mão - mas ao qual nos referimos não por tendência de mercado e sim por questões de respeito a proporção. ganha-se espaço no espaço destinado ao pneu sob o capô. sim, mas vale a pena o tresando? 


para terminar, o escape que sempre foi um problema, não só do jeg mas da maioria dos jeeps. afinal, um veículo programado para matar até águas médias ter escape baixo é pedir para engasgar antes de atravessar. neste caso - considerando-se o custo benefício, afinal são 60, trinta se fosse, merecia mais atenção. a adulteração do parachoque para receber a geringonça puxa-treco não fere a estética até porque o rombo em baixo é mais em cima. e olhando-se para cima tem-se a visão dos protetores de pescoço e bancos, material do meio, que tal como dianteira e traseira, não levaram em conta o equilibrio entre estilo, segurança, conforto e personalidade.


é um caso sério para a psiquiatria. sem dúvidas. mesmo mal que padece o jeg azul que sonhou ser puro sangue e reflete-se mais pangaré. mas isto é para o próximo post.


60 mil reais, 52 que sejam? ai meu cacetinho.

Monday, June 25, 2012

salto alto

não, não são os argentinos, que cada vez mais ficam famosos entre os amantes do fora de estrada. são nacionais mesmo, mas do tipo que calça empilhadeiras. seu jeg fica nas alturas e com boa onda. o preço a pagar é o peso que é sentido mesmo na arrancada. mas nada que o jeg não possa puxar. afinal, é um jeg. os conheci montados na traseira. se for colocar na dianteira, multiplique o peso por 4 e veja se não vai raspar nas caixas de roda. se for na altura, há como levantar a dianteira sem grandes problemas. se for no giro do volante é trabalho para lanternagem da boa e olhe lá se não se espremer no chassi. na traseira, como disse sem problemas.

Sunday, June 10, 2012

ao jegue com carinho

excepcionalmente, publicamos hoje o texto plangente e contudente de gilles lapouge, sobre o animal que inspirou e batizou no nosso "jipinho": o jegue, o asno, o burro, o jumento. 
as semelhanças, nas dores e alegrias, admiração e desprezo, utilidade e descartabilidade, não param por aqui. é domingo, e talvez você não queira estragar a sua feijoada(que pode ter carne de jegue dentro), sua pizza ou churrasco com este texto. mas quem o ler, certamente, se tornará melhor. não tanto como os jegues. mas pelo menos terá dado um passo a frente.




Está na hora de lembrar dos jumentos. Os jornais falam muito do Festival de Cannes, do aquecimento global, do naufrágio da Grécia, mas aos jumentos quase ninguém se refere. O cavalo é mais favorecido. É sempre o foco da atenção pois tem elegância, brilho. Domingo vai às corridas, onde caminha gingando como uma estrela de cinema. Os homens usam belas calças e as mulheres lindos chapéus para montar nele.

O jumento não tem a mesma presença. É chamado de "burro" e de "asno". Palavras ofensivas. Tem cor de estopa. É desnutrido. Por que esse rosário de afrontas? Se eu fosse jumento, faria um motim. Brigitte Bardot falou recentemente dos jumentos, os do Brasil. Ela ficou furiosa ao saber que o Rio Grande do Norte, visando a criar uma nova fonte de renda, teria aceitado exportar 300 mil jumentos por ano para a China para nutrir as indústrias alimentícias e cosméticas desse país. Eu compartilho da cólera de Brigitte.

A rarefação dos jumentos nos campos - no Nordeste brasileiro, no sul da França, mesmo na Palestina - sempre me pareceu uma desgraça. Fizemos tanta coisa juntos, eles e nós - as pirâmides, as minas, as rodas d'água, as catedrais, a agricultura...
O jumento também transformou uma desvantagem em mérito. Ele sofre de um problema de vértebras: tem uma a menos. Mas, como é dono de um espírito dócil, aceitou esse infortúnio, que lhe dá pavor de correr e lhe tira o fôlego quando o dono o faz trotar. Na verdade, ele transforma essa fraqueza em força. Como suas vértebras dorsais são bastante desenvolvidas, seu dorso é saliente e seus rins são fortes. Essa constituição singular se ajusta à sela, de madeira ou de couro.

Todas essa inferioridade e a maneira com que ele teve de assumi-la compuseram o destino do jumento. Ele não é bom para correr e não sabe galopar. Em compensação é ótimo para puxar charrete, mover as rodas que trazem a água para a superfície no deserto, carregar feixes de trigo e sacos de terra e pedra. É bom também para descer ao fundo das minas de carvão, onde, muitas vezes, de tanto viver no escuro, acaba ficando cego.
O jumento participou de todas as aventuras do homem. Suou por nós. Perdeu seu fôlego por nós. Morreu sob nossos golpes. E, quando os engenheiros inventaram o motor de explosão, a moto, o trator e o caminhão, adeus jumento! Adeus, velho servidor! Vamos vendê-lo para a China para que as pessoas o comam. Nós o jogamos como se joga uma roupa esgarçada, uma gilete sem corte. Adeus, velho amigo, mas você não serve para  mais nada!

Gosto muito dos jumentos do Nordeste brasileiro. Venho testemunhando sua derrota há 40 anos. E vi esta aberração: motos ruidosas, nauseabundas, perigosas, substituindo jumentos para cercar os rebanhos, em meio a um atroz odor de combustível. Em 1974 fiz uma longa viagem pelo Nordeste do Brasil. Sozinho. Fui de cidade em cidade, ao acaso, segundo meu desejo, em ônibus que rodavam 10, 12 horas por dia. Os jumentos já começavam a desaparecer, mas ainda eram numerosos. Faziam parte da paisagem nordestina. Quando chegava aos vilarejos assolados pela seca, eu ia cumprimentá-los. Eles me lembravam aqueles jumentos que conheci e amei na minha infância, não no Brasil, mas na França, nas montanhas austeras e pedregosas da Provença. Eu falava com os jumentos de João Pessoa ou de Epitácio Pessoa. Temos boas lembranças em comum, os jumentos do Nordeste e eu. Hoje, quando atravesso esses lugares ermos, em meio à barulheira dos caminhões e das motos, procuro por todo o lado as orelhas, as belas orelhas sensíveis, e elas sumiram.
Eu respirava seu odor. Olhava seus grandes olhos melancólicos e era como se um tapete mágico me conduzisse de volta aos tempos felizes da infância. Foi nessas longas noites no Nordeste que compreendi por que tanto amava os jumentos. Do outro lado do mundo, encontrei os mesmos animais, tão bonitos, tão fortes, tão resignados. Como seus congêneres da Provença, os pequenos jumentos do Nordeste se aproximavam de mim e cheiravam minhas mãos. Eles gostavam do meu cheiro, e eu do deles. Certas noites, nesse longo périplo solitário entre Salvador e Natal, Recife e Terezinha, sentia uma certa angústia pelo fato de estar só. Então ia ver os jumentos. Tínhamos este ponto em comum: detesto a solidão, os jumentos, também. Se um jumento está sem companhia, fica infeliz. Entedia-se a ponto de parecer que pode morrer de tédio.
O jumento não é só corajoso e útil: também tem caráter. Apesar de sua cortesia e indulgência com relação às loucuras e vilanias dos homens, jamais transige em questão de princípios. Na Bíblia, uma jumenta impediu que seu senhor, o adivinho Balaam, bloqueasse a passagem do povo de Israel quando este se aproximava da Terra Prometida. Naquele dia, os homens estiveram muito perto do desastre. Se a jumenta não tivesse dado uns bons coices em Balaam, os judeus jamais teriam continuado sua epopeia e isso teria provocado uma grande confusão na Bíblia, na história religiosa e em toda a História. Teríamos que começar tudo do zero. E Deus, como iria se sair dessa?
Em recompensa, o jumento teve o privilégio de aquecer com seu sopro o Menino Jesus na manjedoura. O jumento também teve a honra de servir de montaria para Cristo quando Ele entrou em Jerusalém, antes da Paixão. Jesus ficou muito emocionado e marcou o dorso do jumento com um sinal da cruz. Na Provença nós chamamos de "cruz de Santo André". Fiquei comovido ao encontrar nos jegues do Nordeste o mesmo sinal da cruz.
O jumento é bem considerado pelos deuses. Enquanto os homens o condenam ao insulto, ao desprezo, à pancada e ao trabalho perpétuo, as sociedades religiosas têm consideração com ele. A história santa está repleta de jumentos. A Bíblia o cita 133 vezes, um recorde entre os animais. Em Josué, ficamos sabendo que o jumento foi montado por judeus da mais alta sociedade, príncipes e damas. Cada patriarca tinha seu jumento. Abigail, que vai ao encontro de David, sela seu jumento (Samuel, 25) Zorobabel, depois da Babilônia retorna a Jerusalém montado no dele. Sansão, quando 3 mil filisteus o atacam, usa uma queixada de jumento para revidar e os mata.
O jumento vai do Velho Testamento para o Novo. Jesus escolheu um burrico, não um cavalo, para entrar em Jerusalém. Em Roma, os pagãos ridicularizavam a religião cristã por causa de sua amizade com os jumentos. Um pouco mais tarde, encontramos muitos místicos cristãos no Egito que se entregavam a penitências terríveis: viver sentados na ponta de uma coluna de pedra, numa árvore, quase imersos num pântano ou então se mantendo de tal modo imóveis que os pássaros faziam ninho em suas mãos. Os pagãos se divertem com esses fanáticos. E os chamam de "jumentos".


É verdade que mesmo em países cristãos os jumentos foram às vezes maltratados. Na Espanha, quando Isabel, a Católica, mandava queimar uma feiticeira, esta era amarrada nua num burro para que, à pena de morte, se adicionasse o suplício de partir da vida no dorso de um animal desprezado e obsceno. Na França os professores durante muito tempo colocavam um chapéu de asno na cabeça dos maus alunos. Por toda parte o jumento foi relegado ao desprezo e à injúria. Ao longo da história (salvo nos países do Oriente Médio), ele esteve no mais baixo nível da sociedade. Pior: foi sempre o bode expiatório dos mais humildes, o doméstico dos domésticos, o escravo dos escravos, o proletário dos proletários.

Alguns intelectuais foram em seu socorro. Victor Hugo escreveu, no fim da vida, um imenso poema glorificando o jumento. O grande historiador Michelet sublinhou o papel do burro na história dos homens, e o grande naturalista Buffon defendeu o jumento contra o cavalo. O filósofo da Renascença Giordano Bruno, último homem queimado pela Inquisição, em 1600, fez do jumento um modelo de espírito e erudição. Os sábios que acompanharam Napoleão Bonaparte no Egito, em 1798, montavam jumentos. Quando a tropa foi atacada pelos mamelucos, os oficiais franceses gritaram: "Protejam os jumentos no centro". No geral, pintores e poetas amam o jumento. Os cabalistas judeus descobriram que a palavra "jumento", em hebraico, tem as mesmas letras que a palavra "matéria". E concluíram que o jumento é "o mestre dos segredos do universo". Têm razão. O jumento entende tudo: se é idiota, é idiota como O Idiota de Dostoievski, o príncipe Muichkine - que é genial porque, se não compreende as coisas corriqueiras, compreende, por outro lado, as mais obscuras.
O jumento sabe tudo. Ele não trota nas mesmas paisagens que nós. Apenas aparenta compartilhar nossos caminhos, quando na realidade está em outro lugar, vem de outro lugar, vai para outro lugar. Ele atravessa educadamente nossa geografia sem fazer ruído para não nos perturbar, mas na verdade não caminha no mesmo passo que nós. Somente os poetas compreenderam a nobreza do jumento. Na França, no início do século 20, Francis Jammes escreveu uma oração para eles. É tão bela e luminosa que eu vou citá-la:
Prece para chegar ao Paraíso em Companhia dos Jumentos
Quando for a hora de ir a vosso encontro, meu Deus, fazei com que seja num dia em que o campo esteja brilhando em festa. Pegarei meu bastão e pela grande estrada irei, e direi aos jumentos, meus amigos: sou Francis Jammes e vou para o paraíso, porque não existe inferno na terra do Bom Deus. Eu lhes direi: venham pobres animais queridos, que com um brusco movimento de orelhas se livram das moscas, dos golpes e das abelhas. Que eu apareça diante de Vós entre esses animais que amo tanto porque baixam a cabeça docemente e juntam as pequenas patas de uma maneira tão gentil que dá pena. Meu Deus, fazei com que eu chegue até Vós com esses jumentos. Fazei com que os anjos nos conduzam em paz pelos riachos ensombreados em cujas margens tremulam cerejeiras, e fazei com que nessa morada das almas, sob vossos divinos olhos, eu me assemelhe aos jumentos, cuja humildade e doce pobreza se refletirão na limpidez do amor eterno.

Certamente, com o passar do tempo e dos milênios (ele está entre nós há 5 mil anos) o jumento começa a entender que as coisas não vão muito bem para ele, mas não se revolta. Sua tática é sutil. O cérebro humano não a alcança. O jumento é submisso e glorioso ao mesmo tempo, resignado e irredutível, escravo e soberano, vencido e vencedor. Ele dá cambalhotas nas primaveras onde não já não estamos. Encontrou obstáculos e os contornou. Ele se salvou do tempo. Sobre seus belos cascos, trota nas pradarias onde as horas não soam.

Se o espancamos, ele nos olha com um olhar incrédulo e belo. Não fica com raiva. Tem pena de nós. Não nos culpa, só nos observa. Ele gostaria de nos ajudar a ser menos vingativos. E nos consola de nossas maldades. "Não se preocupe", parece dizer, arreganhando os beiços, "não é sua culpa. Você é assim, mas isso vai passar. É um mau momento, uma má eternidade. Depois, você vai ver, tudo será melhor."


Durante a 1ª Guerra Mundial, em Verdun, inúmeros soldados foram mortos e enterrados. Inúmeros jumentos também foram mortos, mas não foram enterrados. Há alguns anos, um pintor de Auvergne (região montanhosa no centro da França onde há muitos jumentos), Raymond Boissy, manifestou sua indignação. E propôs que um monumento fosse erigido aos mortos, um monumento ao Jumento Desconhecido (como há em Paris o Túmulo do Soldado Desconhecido).
É uma ótima ideia. Aqueles jumentos, o Exército francês os fez vir de barcos do Magreb, do Marrocos, porque os jumentos dessa região são pequenos, dóceis e muito fortes. Eram capazes de transportar 150 quilos de obuses. Rastejavam nas trincheiras levando munição para os soldados que se encontravam em casamatas e fortins. Claro, os alemães descobriram e seus artilheiros bombardearam os ventres dos pequenos jumentos marroquinos. Foi uma carnificina. Aqueles que sobreviveram e retornaram às linhas francesas, contentes de reencontrar seus senhores, estavam feridos. Então foram abatidos. 150 mil jumentos foram mortos em Verdun.
O solo de Verdun está repleto de valas comuns de jumentos. Ali eram jogados os cadáveres desses animais tão gentis, suas pequenas coxas quebradas, as pequenas patas rígidas, seus olhos, tão belos, tão indulgentes, tão resignados. Como não chorar?

Friday, June 08, 2012

os estúpidos ladram e o jeg passa


uma das razões porque cada vez mais gosto do meu jeg, é porque ele me ensina muitas coisas sobre a natureza humana, principalmente a do hoje em dia. 

quando está nos trinques,nos cascos, relinchando gasolina, todos acenam e acham cool. 

quando falha, engasga ou para: " tira esta bosta do meio da rua!". 

e, finalmente, todos ao vê-lo passar querem comprá-lo mas vão logo dizendo - é caro né? custa uns cinco mil? 

e assim para não fazer a rima pobre de dos mil com as puta que o pariu, digo que não vendo e sigo em frente ainda a tempo de ouvir: quer trocar na minha 125?


(sobre preços reais de um jipe jeg falaremos já no próximo post)

Thursday, May 10, 2012

a mosca branca dos jegs

raríssimo exemplar de jeg com cabine fechada. dizem algumas más línguas que só foram fabricados dois, no que devo duvidar por cacoete profissional. pelas rodas tudo leva a crer que deve haver alguns nacos de originalidade do projeto. não tenho elementos para avaliar, por exemplo, se originalmente as janelas dianteiras vinham realmente com abertura e fechamento deste tipo. os protetores de cabeça do banco traseiro certamente não. idem os bancos, que provavelmente devem ser de opala. mas os protetores do faróis sim. no para-choques uma adaptação tipo base para guincho. os piscas sobre os para-lamas certamente também não o são. mas sim, originais também o " o falso estribo" que faz a ligação entre a linha de para-lamas dianteiro com traseiro, que difere da versão tubular. seja como for, um exemplar invejável.

Thursday, April 12, 2012

intermezzo

enquanto estamos reeditando textos sobre - se você acompanha o blog sabe de que estamos falando - vamos encher linguiça com o alfa matta. e por falar em linguiça, este outro primo torto do jeg é uma paulada em quem tem complexo de pau pequeno e só valoriza jipes X large. na trilha, estrada, ou praia, jipe é como sexo: não é o tamanho mas a performance. mas por via das dúvidas acelere fundo(mas cuidado com a ejaculaçao precoice).
p.s. o google está cheio de imagens do matta, a serviço(policial ou militar) e a paisana.

Monday, April 02, 2012

a caminho ou o caminho da perfeição à vista



o sérgio augusto wanick "emaila" e diz que o jeg da foto(1978) é seu desde 2002( o proprietário faz correção, ver data correta no comentário abaixo) que é o segundo dono. o carro, comprou de de um amigo super cuidadoso, com apenas 6mil km rodados, faz parte da família e ele avisa logo que não cogita vender. a fabricação é de numero 70, sendo que agora ele está com 120 mil Km : "estou partindo para sua terceira pintura geral, porem mantendo o máximo de originalidade possível como você vai poder perceber nas fotos".

enfim alguém que preza pela originalidade. mas não vamos nos entusiasmar, porque neste país a gente não pode elogiar. contudo, sim, eis um exemplar que está no caminho ou indica o caminho - dificílimo - da perfeição(se fosse humana, o post acabava por aqui). 

neste exemplar a imponência da originalidade manifesta-se logo na primeira olhadela. logotipo original, grades protetoras do farol, versão trapezoidal( a outra era quadrada e fixada na chapa no entorno do farol, barra do para-choque no seu tamanho original, protetor da barra estabilizadora, capô alinhado nas laterais( muito raro) e com o fechamento quase perfeito. o pequeno desnível, que é marca, culpa das borrachas que, por serem muito novas ou quando desgastam, desequilibram a linha de fechamento. e as lanternas de pisca primevas, brancas, da linha vw antiga, quando ainda não se utilizavam as amarelas - ou vermelhas, quantidade quase insignificante - utilizadas em caminhões.

os ganchos de reboque no para-choque não são originais. mas ficaram bem estes brincos. (não vamos ser assim tão radicais que já muito antes da minha geração homens e jipes usavam brincos). então tá bom. mas o pequeno mata-cachorro(isto é um nome desgraçado) apesar de manter a unidade do tema e a proporcionalidade não me convencem de todo. há quem coloque do tamanho do para-choque. o que além de ser feio pra dedéu, é um coiso dependurado, o que acentua ainda mais o complexo indisfarçável do ser pequeno, coisa que o jeg, e o proprietário de jeg, não podem ser ou não deveriam ter. afinal, este é o pequeno que satisfaz, se é que me entendem. os faróis de milha quase passam da conta no quesito harmonia e proporcionalidade, mas dão pro gasto e não comprometem.

faz bem ver um jeg assim bem tratado. como se diz ao ver um equino: não se olha os dentes de cavalo dado. mas de um muar a se comprar ou a nos acompanheirar, olhe lá e olhe muito bem olhado. 

o deste jeg mostra que a boa mordedura não só nos faz bem ao vê-la como é garantia aos demais sentidos.



eis, enfim a roda da fortuna ou roda roda e apita

que beleza de roda, apesar da pouca praticidade quando o uso for em terra e barro que acumulam em sua reentrância . o logotipo lateral jeg dá a entender que não é original mas é apenas, ao que parece, um lift do tempo. se a foto for ampliada vai notar com mais propriedade os suportes de para-brisa(arcos pretos na base do mesmo, sobre a grande borracha horizontal de vedação) que serviam para apoio e proteção( estão faltando as borrachitas de contato, pequeninas mas imprescindíveis) quando o mesmo fosse basculado sobre o capô. o sorriso só não está completo porque na lateral esquerda vê-se o pequeno buraco da extração do retrovisor esquerdo. mas ainda assim é belo. e afinal de contas, nem precisa usar aparelho. nada que um dentista, até mesmo ainda não formado, não o conserte. se sim ou se não pode rodar à vontade que impressiona. mas convém corrigir antes do inverno a folga entre a porta de lona e a carroceria, que é para não verter água para dentro.

a cereja do bolo

um dos detalhes mais raros e difíceis de encontrar em um jeg, independentemente do seu estado - ainda mais em funcionamento(este não está) - é a alavanca do afogador, alí com a extremidade redonda, ao lado da versão selectraction do jeg.

muitos se perguntam se isto não foi um roubo - o uso do selectraction - que seria uma invenção do gurgel, que difere no formato das alavancas deste aqui. acontece que além de não ser patenteado, nem sei se poderia, o selectraction já era conhecido por sua utilização no kubelwagen, que alguns, em tom de blague obviamente, chamam de avô do jeg, como este exemplar da foto abaixo. =  por simples curiosidade, há uma empresa canadense que faz hoje réplicas do kubelwagen - com trema no u - e maior ainda, alguns apaixonados brasileiros , um em petropólis e outro em itu, fizeram no peito e na raça réplicas com visual mais do que aproximado.


e já que estamos em família, e  como algumas pessoas confundem o the thing, veículo vw com o kubelwagen, segue então a foto de " a coisa ".

paisagem da janela

com é bela a visão de um jeg que mantém a sua originalidade a despeito do que é passível de desgaste com o tempo. aleta lateral de respiro do motor intacta( outro item muito raro e com adaptações desastrosas), estribo e local de engate do macaco idem, rodas originais e capota sem rugas, apesar da idade, direção com tampo, " ai jesus" também presente( a alça de segurança sobre a tampa do cofre) e o enrolamento da parte superior da porta a contento. contudo...

não há belos sem senões


alguns proprietários de jeg devem julgar literalmente que a auto-estima da traseira ou rabiosque dos seus jegs andaria baixa se conservarem as lanternas originais (as de kombi, no caso dos jegs, com traseira reta, e redondas conforme exemplo que virá abaixo). até que não ficou tão ruim assim. pelo menos teve o cuidado de não deixá-las sobressair, torneando o encaixe completo, ao contrário de algumas que se vê por aí que mas parecem verrugas. estas não são um estôrvo. mas não é original. e o que é pior: são as mesmas lanternas usadas pelos modelos mais antigos do jeep wangler e do troller ainda por cima, o que pode se considerar um insulto, para além de incontáveis usos em caminhões de toda sorte que vão dos vw a miscelâneas de marcas, camionetes idem, até chegar aos chineses. acredito até que muita gente prefere esta solução, porque torna-se mais administrável, pois elimina o farol de ré que fica exposto e dá margens a vandalismo(ser arrancado por algum moleque ou flanelinha mais indisposto. poréns à parte, continuo fiel as origens, menos em um item, que descreverei no exemplo do outro jeg abaixo.

o outro senão é o da capota inteiriça( não há fecho-eclair ou " ri-ri", como se diz no nordeste). tampouco usa o sistema cortina, que costuma dar alguns enguiços por cansaço das molas, e nem todo capoteiro sabe ou tem saco de restaurar. talvez por isso mesmo tenha sido evitado. não se pode falar que aqui o espírito prático ditou as regras. porque faz uma falta danada o acesso pelo banco traseiro, mesmo com as más surpresas do encosto elevado do banco que não permite estrepulias avantajadas pelo traseiro, quer dizer, pelo acesso.mas há um senão positivo: os apoios de cabeça, que retiram aquele ar agreste dos jipes, aqui se apresenta proporcionalizado a tal ponto, que não lhe fere a decência.


lanterna originais para este tipo de traseira(exemplares de 1978, este no caso de nº 114) até meados de 79. e que nada mais são do que sinaleiras de utilizadas por caminhões em seus para-choques bases, principalmente traseiros, completando a arvore de natal que camioneiros gostam de transportar. o caro leitor pode achar aqui uma contradição com o que foi dito acima sobre o uso das lanternas traseiras - no jeg vermelho - por caminhões( e jipes de outras marcas) e estarmos aqui agora a louvar a originalidade fundamentada em também lanternas,ainda que secundárias de caminhões, mercedes principalmente. mas as luzes das grandezas são diferentes. uma, é usar o que já foi usado de forma original por outrém. outra, ser usado a partir de, gerando uma solução e visuais novos(não há outro jipe que faça uso destas lanternas secundárias dos caminhões). destarte, não há contradição a nosso ver. engenharia a bordo optou por isto em vez de desenvolver uma lanterna específica e a solução não deixou de ser satisfatória. a luz de ré também é original, a partir de uma adaptação, e facilmente encontrada em qualquer equipadora de subúrbio. onde falta o galão, está coberto pela pintura, dois orifícios que servem para fixação da cinta que prende o galão, de metal ou lona militar, se for da sua preferência. em post que virá, mostraremos uma versão, ao nosso ver, esteticamente ainda melhor e proporcional a relação tamanho do jeg, galão, que no exemplo vermelho está "pouco grega".

neste exemplar observem que foi adicionado ao para-choque(falta a parte elétrica), tornando- o integrado, o engate. o escape de brasília não é original. e o escape original do jeg não condiz a sua imagem de jeep. e este é um dos únicos itens originais que o espírito jipe gostaria de ver com mudanças(pode-se fazer adaptação com o mesmo kit da volkswagen, deixando a ponteira única para cima, que não fica mal. já vi um exemplar assim, mas não houve tempo de fotografá-lo. a desta foto também não é a melhor solução, muito menos cobri-la com a grade que equipava a brasília e ou utilizar os escapes duplos utilizados em buggys( são mais encorpados). mas eles ficam bem quando adaptados a saída única, mas não horizontalizada. até porque, facilita a entrada de água. para cima também, se não forem seguidos certos macetes.

também neste exemplar não deixe de observar os ganchos de fixação múltipla que são de grande utilidade para amarração de itens a ser transportados e que vinham originalmente, inclusive acima do logotipo dianteiro que no caso do jeg vermelho está lá.

p.s. a título de exercício faça uma compação deste jeg com alguns não originais que apareceram por aqui e confirme suas convicções . pode começar com o outro jeg vermelho que antecedeu este, apresentado imediatamente a seguir.e prepare-se que a confrontação final entre restauração não original e original vem por aí para dilacerar corações.

in tempo: eis as mesmas lanternas, repito, não originais, aplicadas no jeg, e seu uso na formatação original(jeep wangler 1997/98)
 

Saturday, March 24, 2012

eu já fui bem melhor do que hoje sou, com certeza

olhos tristes deste jeg vermelho - uma das cores que saiam originais de fábrica -, estacionado no espaço web, para além das fotos na oficina e que está a venda por dezesseis mil reais. por quê raios as pessoas abandonam carros, cães , crianças e outrora amores, deste jeito? é o jeito de ser humano. como alguém já disse, única espécie que reza para um deus para depois... (você sabe o que acontece, é só olhar em volta do mundo ou do seu mundo.)

depenado, sem as grades de proteção dos faróis e com lanternas de pisca descaracterizadas, perdeu ainda o logotipo original, que alguns incautos adoram substituir pelo da vw(podia ser pior, podia ser um da audi, como fazem em tantos fusquinhas e kombis), além de ganhar o peso de um towbar que me lembra muito o peso cruel e demasiado com que muitos jegues e cavalos transitam em nossas vias e para os quais os nossos olhos que até deuses veem fingem não ver tal crueldade. não e à toa que este jeg está triste. se fosse peso no lombo até que ia, mas é quase no nariz. e na base da testa, ainda resta, no lado direito, um dos suportes para o para-brisa(está sem a borracha protetora, santa ingenuidade pensar que um carro neste estado ainda a teria) quando basculado sobre o capô.

que será dos meus cascos?

na lateral, também depenado, o logotipo jeg é "substituido" por um adesivo que não diz o quê? as todas tem ainda o formato original, porém aparentemente em aro 14, com pneus que são ferraduras de má sorte para um jeg. os espelhos também ficaram em alguma parte do caminho. na roda traseira, estariam mexendo no burrinho(do freio) ?

nem beleza interior eu tenho mais

não, não é uma sequência dos posts fantasmagóricos passados. é mesmo a cobertura dos bancos com aquela aparência de panos post-mortem quando o bichinho ainda está vivo. como estamos as vésperas da semana santa, pode-se fazer também uma analogia com os roxos anos de cobertura aos santos, se você não achar isto uma iconoclastia. os apoios de cabeça mais parecem - em todo e qualquer jeg, questões de segurança a parte - carcinomas que assomaram o jipe. o que sobra aqui, falta no pára-sol, item obrigatório - os guardinhas adoram jipes assim - sobra também nos adesivos da playboy(cada um prega o que quer no seu carro, mas olhem só e me digam o que é que isto acrescenta em beleza ou funcionalidade?). se é o caso, prega logo um conteúdo que valha a pena da playboy, se é que siliconadas valem o desejo, mesmo de um jeg. nem vou falar do babilaque branco no painel, abaixo da ignição porque não consigo identificar o que é. mas não dá para não ver a substituição do volante que decididamente nada tem a ver com o jeg(jeg não é mp lafer ou puma). talvez, assim achou o proprietário, que colocando o adesivo da playboy no painel, combinaria transformar a alavanca de câmbio, que não deixa de ser um simbolo fálico, em algo que apesar da cabeça vermelha, não pertence ao jeg, ainda mais sendo tão fina assim. jeg não é boi, isto parece óbvio.

quando um detalhe debocha a bunda

de novo, olha o logotipo da vw espetado bem no olho... bom deixa pra lá(tem crianças na sala que acessam este blog). poder-se-ia argumentar que na falta do logotipo original, não deixaria de ter uma unidade a utilização do logo vw, afinal a mecânica, o chassi, a suspenção são da montadora alemâ. mas deixa eu relinchar. é tão fácil produzir um logotipo original. há referências aos montes, neste blog inclusive. basta imprimir e levar a uma casa de placas, daquelas que fazem para formatura de bandidos, quer dizer, desculpem o excesso, mas com o ensino que temos hoje em dia, básico, médio e superior, não é de admirar que o segmento da bandidagem diplomada aumente em progressão geométrica( o tráfico é pinto junto do estrago que fazem advogados, médicos, enfermeiros, enfim, os noticiários(mesmo abafados) estão aí mesmo). sim, mais uma vez  as minhas desculpas pela extrapolação? nas casas de placas, em 24 horas, por cerca de 150 reais, os quatro logos, estarão prontos e se aproximarão muitíssimo dos originais, salvo pela diminuição, imperceptível aos mais descuidados, da espessura. é como se você desse uma escovadela no pelo- e nos dentes - do jeg, que jeg também tem tártaro.


subindo a vista, eu nem vou comentar?:  dá a mesma sensação daquela que você teve quando de pequeno se escondeu debaixo da cama para ver a sua prima trocar de roupa e quem veio trocar foi a sua vó. o resultado estético, amor pelas vovós à parte, é traumatizante.

será que eu ainda tenho fogo no rabo?

os jegs saiam de fábrica com dois tipos de configurações: carburação dupla, motor de brasília como opcional, e simples(há controvérsias sobre esta informação). a carburação dupla, ao contrario do que muita gente pensa, não só dá um pouco mais de performance ao motor, como o torna mais econômico. desde que você saiba - ou encontre quem - achar o ponto milimétrico de regulagem, coisa que os "bandidos" das oficinas estão pouquissiamente interessados, ainda mais nestes tempos de ignição e injeção eletrônicas. dá um pouco de dor de cabeça mas não é o fim do mundo. aprenda a fazer, e no embalo a trocar velas, platinados( se ainda não instalou ignição eletrônica, não recomendado para quem faz uso do jeg em terrenos molhados ou para ser mais exato bem molhados a ponto de lhe cobrir as canelas), correias, tela do reservatório do óleo do motor, etc. pequenas coisas que não cuidadas dão grandes problemas. e que depois que se aprende, acaba sendo prazeiroso, além de lhe dar a certeza de que se houver merda foi você mesmo que fez. não vai precisar quebrar a cabeça mais uma vez - e pagar mais uma vez - para saber o que foi e quem foi.

no caso, não há muito o que comentar. o envoltório do motor acompanha o desleixo com que o carro foi tratado, ou seria jogado, sem as coifas e borrachas de selagem do compartimento. não é fundamental, mas a utilização de filtro de ar do tipo que se usa nos gurgéis, kombis, ou ainda nos corcéis antigos, posteriormente vou publicar as referências, são de bom tom principalmente para quem anda em estradas de terra,barro,areia,etc. e mesmo na cidade, dá aquele visual de mais robustez. tomando como(mau) exemplo o da foto em anexo, há que se cuidar do chicote e suas terminações(fios) bem como dos cabos de vela e distribuição que tem uma maneira - e suportes - para que fiquem dentro do compasso. com estes cuidados, com certeza, o jeg fica menos estático e não vai negar fogo.

Tuesday, March 20, 2012

os fantasmas atacam novamente

depois do susto, a quase alegria com a imagem do que poderia ser um raríssimo exemplar de jeg com capota rígida. mas foi só o susto. atentando sem dificuldades, a porta em lona, denuncia uma capota provavelmente pintada?!?! e, mais atentos, nota-se a estrutura(fina,original) de sustentação da capota de lona. não ficam sem registro os apoios, intactos, para a basculação do para-brisas(na base e em ambas as extremidades) que era para segurar por sobre o capô o mesmo quando arriado. uma prática punida hoje pelo código nacional de trânsito do país dos intransitáveis, e que costuma ser fatal para olhos desprotegidos(mesmo a velocidade de jeg, qualquer inseto de encontra o olho, ou os cornos, deixa marcas que dificilmente serão esquecidas). os suportes do espelhos, bem como os próprios, foram alterados para receber os orelhudos pares que equipam, por exemplo, as mercedinhas 608,708, que podem ser eficazes quanto ao aumento da imagem e de certa maneira integrados ao espírito, afinal jegues tem orelhas grandes. mas não é o caso. perde-se a proporcionalidade. e ela é quem manda entre forma e função. as rodas também são as originais que equipavam os primeiros jegs. e como, deduzindo, o fantasma é de peso, observa-se o reforço no estribo, que deste tipo nunca foi para ser usado mesmo, daí porque a versão tubular(o jeg saiu com ambas) ser mais indicada.

p.s. como o jeg não tem peso para afundar o piso, pressupôe-se,continuando a dedução, de que o fantasmagórico exemplar tem um dono de peso. salvo, se ele também for fantasma. a churrasqueira ao fundo é outro indício de práticas baiacús: cervejada desbragada no quintal com churrascos e enchidos abarrotados de sal. eis aí o começo da fórmula para se tornar fantasma, caso  alguém se habilite a prática pra muito além da moderação do politicamente correto.

sobre o pneu dianteiro esquerdo, os chinelos do fantasma? ou lixas enroladas em madeira para preparação da pintura? bom, vai lá se saber. fantasmas não costumam responder quando solicitados. só quando os queremos bem longe, o que não é o caso.

cartas, fantasmas ou não, ao editor.

Wednesday, March 14, 2012

ghostbusters

um dos problemas deste país é que temos bacharéis demais e capoteiros de menos. como bem demonstra esta foto, onde a frouxidão do presente é um verdadeiro fantasma a assustar o passado.

ghostbusters 2

mas aí você diria que a capota está assim porquê não foi completamente instalada, afinal os carros estão ainda sem maquiagem, chegarão ao lugar, na sua melhor forma, esticadinha, como deve de o ser. ledo engano, no site da capotaria que se apresenta como especializada, todas as demais fotos, onde gurgéis aparecem em maioria, tem todas a mesma falta de vinco e frouxidão na aura. fantasmagóricas assim porquê seria? só encontro uma explicação. é a maldição dos bacharéis. chamemos os ghostbusters do enem. afinal, se julgarmos pela data impressa na foto, a tradição da frouxidão fantasma já vem de longe.

Sunday, March 04, 2012

vista aérea do playground

quase nunca vemos um jeg por este ângulo. e também quase nunca o vemos com capota. talvez a necessidade de querer mostrar o interior faça com que a mesma seja esquecida. mas, neste caso, a beleza exterior vale tanto quanto a interior(quando há). neste modelo 78, ressalte-se o galão de combustível como manda o figurino, anulado pelo step calçado em posição não original. ainda que preserve o sotaque de foras de estrada, fogê a essência equina(que não é assim bundudo, falamos disto a seguir). idem, o santo antônio também não original, que também receberá comentários nos posts que se seguem. de novo a velha questão da segurança x originalidade. no jeg original a estrutura da capota maquia esta função. não é santo antônio mas é muito mais bela. quanto a cor, pode não despertar paixões mas(hoje estou de coração mole)mostra paixão no cuidado em manter a simetria e a unidade de contraste entre a cor principal, na aplicação nos bancos, principalmente, e os pretos. mas, como em toda paixão, nada, mas nada mesmo é perfeito(é por isso que existe a paixão para nos autoludibriar-mos com o objeto dela)

de frente pro crime

ainda que os faróis de milha, bastante desproporcionais, distôem, a personalidade da dentição do jeg está mantida. eis uma frente com originalidade, ainda que a placa não esteja no lugar original, que é embaixo, fixada no protetor de suspenção, o que faz com que muitos policiais de trânsito queiram assegurar o peru de natal antes(ou depois) da hora. mas original é original. é direito adquirido. não aceite intimidações, e nem ofereça propina. lembre-se que resistência e teimosia são características dos equinos, que somos nós, em viver num país onde dado o estado de nossas estradas, ainda temos uma policia de trânsito, municipal, estadual, federal que se preocupa, por outras razões, com uma lanterna queimada, mas fecha os olhos a milhões de crateras assassinas nas rodovias, ruas, e avenidas. país de pirambeiras não se sabe quem mais infrator: se o executivo, que não executa: se o legislativo, que só o faz em causa própria(exceções são como as estradas que oferecem segurança) ou o judiciário, que pôe vendas à causa. todos assassinos culposos em potencial de catarata. e, para completar, claro, temos uma quantidade cada vez maior de bestas(a família do jeg protesta) ao volante. oxalá que não estejam ao volante deste.

sem direção, e rodas que não o são


bancos em concha!? pra pilotagem rally? huumm, sei não. direção não original, rodas idem, e como diriam os ingleses, last but not least, as lanternas em formado de " led analógico", acima do que parece ser um cano de escape sem escapatória. atenção para o detalhe da traseira em corte do modelo 78. doravante seriam retos. o step está parecendo mais a bunda da valeska popozuda depois do implante. e na mesma linha, um santo-antônio que em relação a barra do para-brisas parece também ter frequentado a clínica do doutor ray. não havia necessidade. birra com a falta de orginalidade? well, já que falamos na valeska, qual você preferia levar pra casa: a original, ainda nos tempos de frentista de posto de gasolina, com tudo no lugar? ou a atual onde o excesso não levanta a libido?

capotas que não valem uma capota velha de guerra

não tem jeito. capota de jipe não vale a pena inventar. tem de ser a clássica, a velha e boa formato quadradão, com fechamento total tipo persiana, ou afivelado, como manda a estética militar. este formato de capota é um equívoco, além do mais a torna pouco duradoura, já que cada vez que é baixada vai serrilhando o material.a pissoletro acabou por abandonar um modelo assim porque revelou-se pouco durável. e como a capota no jeg é item de beleza e de sobrevivência - jeg, como bode, detesta água nos cornos, inclusive dos condutores e zequinhas, faça uma capota que preste ser bonita. os habitantes do reino muar agradecem. mas tome cuidado com as bonitinhas mas ordinárias. na capota e na boleia.

águia no lombo do jeg que está mais para pica-pau

sem ofensas. todo mundo quer ser águia, mas esquece que o pica-pau é muito mais utilitário do que o mais alado rumo à extinção. o jeg, como o pica-pau, também chamado ipecu, carapina e pinica-pau, de tamanho pequeno a médio, é para se dirigir como head-bangers(não necessariamente um bate cabeça, mas você tem de ter cabeça dura, e coluna idem) e não em rasantes ou planando(aquaplanando e ou na banguela, nem tente, é morte certa) que não combinam com seu jeito ainda mais outsider do que qualquer outro jeep de plantão, juntamente com o outro jeep animal, o javali. o da foto é mais um exemplar de jeg que andou à venda no mercado livre há tempos, na casa dos 15 mil. como se vê, o preço não está nas alturas, como a águia. mas também não é nenhuma galinha morta. se for o caso, dê uma de pica-pau e martele na cabeça do vendedor para baixar o preço( e pra fim de post fique com a lembrança da risada do pica-pau)

Sunday, February 26, 2012

não foram as prévias nem ressaca, mas nós quase sifú

um vírus, um et, um político, não sei precisar qual deles ou se todos em conjunto, perpetraram a façanha de adentrar o meu sistema é simplesmente apagar toda a edição das quase cem fotos do jeg "californiano" 4x4 aqui prometida para o carnaval. idem, para as quase vinte do jeg mais caro do brasil(38 mil reais). 
como é de se imaginar, foi um tombo o desmonte do trabalho. passei o carnaval fazendo o rescaldo do material(ainda bem salvo noutras fontes) ao tempo que fazendo das cinzas, e espero bem que não da quaresma, uma recitação quase gregoriana de palavrões que nem eu mesmo achava que conhecia. a remontagem da sequência da edição leva algum tempo. por isso quem acessou o jeg não viu nada de novo. não foi uma questão de esbórnia. foi mesmo coisa de sabotagem de outra marca?




então aguardem. carnaval pré ou pós, estamos trabalhando fiéis ao espírito do jeg. às vezes empancamos. às vezes coiceiamos. mas chegamos lá. obrigado a todos que acessaram o blog neste período.

Saturday, January 28, 2012

it´s coming ou quando o carnaval chegar


diretamente da california, com apenas 380 km, um quase perfeito jeg 4x4 (tem uma perereca no parafuso do gancho de fixação de cintas ou fivelas como bem se vê). atentem para o detalhe do logotipo da QT engenharia do walter catharino finato(este não é um jeg dacunha veículos. mas sim um dos raros pós dacunha montados pela qt). segurem o lombo que vão ser mais de cem fotos. o mais completo inventário publicado sobre um jeg no voude. pra ficar no clima pode ir providenciando o lulu santos ou o genival lacerda mas pelo amor de zeus em ritmo de axé não!

 


antes de postar o jeg californiano(que não pegou sotaque) vamos falar do jeg do técio gomes de sá, gente fina, e da sua malfadada - a nosso ver, sem ofensas, não se discute os recursos aplicados - reforma do seu jeg 1986?!, que inclusive é capa do exemplar da fusca&cia que está na bancas(n°78), cuja redação precisa de óculos, pois descreve os cascos do bicho como cidade&campo15, quando o mesmo calça passeio formal 14. neste caso também há uma boa documentação fotográfica que possibilita ver o in progress e algumas entradas na contra mão da tal reforma. reforma que no nosso entender pecou justamente por fazer de quase tudo para deixar o jeg com cara de puro sangue mas que acabou ficando meio pangaré, em nosso entender. por isso batemos casco, sempre! defendendo que por essas e outras é melhor ser um jeg autêntico, o mais possível. é certo que esta reforma, ao contrário de outras adaptações que passaram por aqui, não ficou carnavalizada.  mas a gente vai zurrar adoidado, como sempre, colocando nosso bloco na rua. 
por isso não me levem a mal: afinal, como já dizia a canção, é carnaval.

Wednesday, January 18, 2012

flash back





catálogos da época davam-no como argentino (se fosse, entroncadinho assim, não seria um messi, mas sim um maradona. fora de forma - mas não muito.


o jeg é - e sempre foi - brasileiro. lançado em 1978, fabricado pela dacunha, era equipado com motor, traseiro, vw da brasília, 1543 mil cm3 e dois carburadores como o gurgel utilizava o selectraction, espécie de blocante manual. com ele era possível 
travar cada uma das rodas independente da outra, o que é bastante útil em percursos no fora da estrada. manufaturado em chapa com carroceria monobloco ao contrário de seu principal concorrente, que era de fibra mas não de aço.a carroceria, toda em chapa
(bicromatizada ou galvanizada) de aço dobrada, podia - e pode - ser fabricada com uma guilhotina e uma dobradeira, tornado mamão com açúcar a funilaria( aço enferruja, não se engane porque o inoxidável rima com o imponderável). deixou de ser produzido nos anos 80, por motivos até hoje não muito bem esclarecidos e constantes sob a rúbrica "dificuldades". após o encerramento de sua produção pela dacunha, algumas unidades, entre elas algumas 4x4 foram produzidas pela Q.T., empresa do projetista do jeg*, cujas maiores informações você terá abaixo. na foto abaixo atente para o detalhe das duas alavancas que conferem o status 4x4 a esta unidade(quando o carnaval chegar vamos publicar o mais completo documento fotográfico de uma unidade 4x4, que hoje vive na california).

o jeg passa uma impressão, que se confirma, de robustez. é peso leve, mas é bom de briga( é o josé aldo dos jipes). pára-choques encimados, guincho manual e protetores de faróis, nesta versão montados no pára-choque, vertical  com filetes verticais, além disto o maior apelo de venda para sua comercialização era, também, o motor, volkswagem 1600, refrigerado a ar. estava garantida a manutenção simples de uma mecânica feijão com arroz  já reconhecida e afirmada, internacionalmente inclusive nas piores condições, o que era garantia de tranquilidade por muitos quilômetros, além de permitir a resposta pronta a todas as solicitações, com sua relação de peso potência mais do que suficiente. a tração dianteira do jeg é um projeto exclusivo da dacunha, ao contrário do chassi, que era de kombi, encurtado em 40 cms. ao lado da alavanca de câmbio encontrava-se a alavanca de engate das rodas dianteiras. a maioria absoluta das não mais de 600 unidades fabricadas do jeg dizem alguns( soma dos produzidos pela dacunha e q.t.) um pouco mais, dizem outros, vinha  com tração 4x2 traseira. a tração 4x4 ficou apenas na fase de protótipo, contudo alguns protótipos " pularam a cerca" e ganharam a estrada(nosso exemplar californiano deve ser um destes). a  transmissão, por embreagem monodisco a seco, de acionamento mecânico, câmbio de quatro marchas sincronizadas para a frente e uma para a ré, com alavanca de mudanças no assoalho. é também amplamente conhecida e reconhecida por sua simplicidade graças ao seu uso pelos veiculos vw desbravadores do mercado( o bom e velho fusca e sua tiazona atirada, a kombi, desde o tempo das redutoras, que no principio também equiparam alguns jegs). suspensão dianteira, independente, com duas barras de torção em feixes, barra estabilizadora e amortecedores hidráulicos telescópicos completam o pacote que qualquer mecânico bem intencionado da cidade, do interior, ou do cu de judas domina com o pé nas costas.
o jeg tornou-se conhecido e associado ao nome de walter catarino finato* militar, coronel, engenheiro do ime no rio de janeiro, que foi trabalhar na dacunha - empresa cegonheira(transportadora de veículos novos) em são bernardo do campo, bem atrás da volks - na época em que a empresa fabricava o jeg. posteriormente, finato montou uma empresa denominada "q.t-engenharia", em barueri, na marginal da castelo branco. lá projetaram uma caixa de transmissão que a zf (também em são caetano) autorizou a fabricação. no fundido da caixa as marcas qt/zf coligavam-se o que dava um certo orgulho para a tecnologia nacional da época. a transmissão era aplicada nos caminhões (ford / gm / chrysler ) 6x6 que acompanhavam o início dos investimentos em álcool no brasil. 



*o assim chamado projetista do jeg. há quem afirme que o projeto já estava pronto - a volkswagen apresentou um veículo similar, na aparência inclusive - postado neste blog - o vw militar, em 1976,  que seria vetado pelas forcas armadas como veiculo militar mas que acabou dando origem ao  jeg, que reutilizava boa parte da mecanica e da carroceria do vw militar. uma das diferenças fundamentais era a colocação do estepe(que vinha sobre o capô) e foi deslocado para o interior do carro, resultando em uma frente diferente e mais curta. 
o jeg foi produzido entre 1978 ate 1981, com a mecanica comum dos fora-de-estrada brasileiros da época(o nosso velho  e "nunca" ultrapassado vw 1600). ao contrario dos concorrentes, eles contavam com tracão 4x4 integral (os rivais, usavam roda-livre). há quem diga que a versao 4x2 não teve tanto sucesso, acontece que ela foi fabricada em maioria, e as unidades 4x4, assim como as de capota rígidas, são mosca branca.
após o fim da producão, o sistema de tracão foi aplicado a kombi pela q.t. porém nunca entrou em linha de produção para tal veículo. 


in tempo: o texto deste post foi copidescado de vários artigos e notas sobre o jeg. o legal seria dar crédito. contudo, em uma observação mais detalhada, notei que começou a haver cruzamento de textos acrescidos de toques pessoais, notas. curiosidades. etc, como neste adaptado ao estilo do voudejeg, assim temos um x-tudo onde misturam-se autorias com enxertos, copies, etc. optei então por registrar o fato mas não citar as fontes "originais". se alguém sentir-se prejudicado, é só badalar os badaloques do jeg. por enquanto fica valendo a máxima que é uma merda, sobre a produção intelectual no brasil. de um só é plágio: de mais de um, é pesquisa.