Sunday, February 26, 2006

sentado à beira do caminho, ou quase isso

o jeg a meio do caminho da restauração. escolhemos o amarelo case - originais dos tratores case - para dar-lhe aparência mais rústica. esta cor, característica da tinta, quando mais queimada, mais fica " feroz".


já haviam se passado quase oito meses. um certo ar de quase arrependimento. 3.500 reais, custava. lembram? não seria tão caro assim. afinal, o jeg é raro, e ele estava em estado bastante razoável, se duvidar melhor que o meu, faço piada. é certo que as rodas aro 13, deixando-lhe atarracado, não contribuam para aumentar o tesão. mas que bobão, também, raciocinando como jipeiro de boutique. era só tirar as rodas e pronto. sim ia ter que tirar também a grade de fiat que o sujeito sapecou na frente, e aquelas lanternas traseiras de f-1000, desproporcionais pra caralho. isso não dava mesmo pra engolir. acho que foram estas lanternas que me deram um chute no saco.

95 km por dia. era o que eu estava fazendo, alternando o mp-lafer 75 - que espera tempo e grana para a restauração, que por mim será no toninho ou no batelli, em são paulo, com a bronca de ter que achar as rodas raiadas da mangels, raras, o que pode sair por uns 25 mil reais( e eu aqui " pirangando " 3.500, sim mas 3.500 eu tinha, já 25, existem outras prioridades)- sim alternando com o gurguel tocantins 91 TR, entre boa viagem e enseada dos corais, uma praia que mal começou a ser habitada e enfeiou-se de vez. e nem era a força da grana que ergue e destrói coisas belas. era aquela coisa típica da classe mírdia brasileira que constroi casa com piscina mas desvia a fossa para a praia. filhos da puta!, resmungava todo dia, até que mudei-me, e já com atraso, apesar da beleza da praia. o nordeste todo vai no caminho. do turismo? não, dá merda. da falta de planejamento e fiscalização, da especulação, que confunde inchaço, crescimento, com desenvolvimento.

45 mintuos de trajeto, sem tráfego. saia cedo e voltava sempre pelas duas da matina. quem manda ser publicitário? aquele ser que sempre tem desculpas para não ir para casa cedo. principalmente quando se quer ir e tem sempre algo de última hora para corrigir ou acabar de derrotar.

idas e vindas ou muito cedo, para não pegar engarrafamento ou na madrugada, nada no trajeto que me chamasse atenção. salvo naquele dia que segui para o trabalho a tarde já que havia chegado as seis da manhã em casa.

pego o velho caminho, procurando fugir da br 101, verdadeiro test drive para arrebentar com pneus e suspensões, e vou pela antiga estrada que passa por pontezinha.

súbido - freiada daquelas que cantam os pneus - numa oficina recuada de vendas de peças usadas de kombi. não um, mais dois! dois jegs! e um deles, advinha? o que havia deixado de comprar há quase oito meses atrás.

estaciono e atravesso com cuidado. a cabeça de homem e o coração de menino, a pensar naquelas coisas, estava escrito nas estrêlas, aquele jeg nasceu pra ser meu? nasceu ?
(continua pra semana)

o rei do corso, até quando não fantasiado de corsário

este honorável senhor, hoje já com freio a discos dianteiros, era a vedete até os anos 70 nos carnavais, principalmente do recife, onde o corso fazia a festa roncar ainda mais. jeeps de todas as idades, condições e estados, faziam strip-strease das capotas para que neles desfilassem as meninas com uns shorts enormes, suficientes para deixar muita gente excitada demais da conta.

o corso foi uma manifestação, que ocorria até meados dos anos 70, surgida nos anos 30 ou 40, quando a população desfilava em carros com buzinaços pelas ruas da cidade, antevendo a folia carnavalesca. alguns carros eram enfeitados, outros, de modelo aberto, traziam os foliões com fantasias. também fazia parte da festa, água de cheiro, serpentinas e a batalha de confetes. logo após a passagem dos veículos, a população seguia à pé, cantando e dançando pelas ruas. passistas e foliões fantasiados misturavam-se em meio ao povo.

depois a violência, física principalmente, em relação aos participantes do corso, na forma inclusive de assédio sexual e as regras politicamente corretas - os jeeps costumavam trafegar com excesso de lotação - foram acabando com o corso, que hoje tenta ser reeditado, tanto no recife, como em corumbá, por exemplo, em associação com os jeeps clubes e associações de carros antigos.

ainda assim, muitos jeeps, são vistos solitários a fazer seu corso. e, pessoalmente, na abdias de carvalho, numa mecânica especializada em nivas, achei um jeg, bastante depauperado, cujo dono, o mesmo da oficina, afirmou que ele só saia no carnaval, " para o corso ".

p.s. o 51 acima, está à venda, contatos pelo cri@buttonclick.com.br

o velho e bom fuzileiro




marruá e land rover darão conta mesmo do recado ? ou tudo não passaria mesmo de lenda ?

manual do proprietário 2, do jeg, claro

a suspensão traseira do jeg é da kombi. o sistema de juntas homocinéticas, possibilita alterações para maior distância do solo, podendo alcançar 50 cm, exigindo para isso uma adaptação especial na suspenção dianteira, calços e uso de pneus aro 15 avantajados. mais você chega fácil aos 35 cm, sem maiores elaborações.a suspensão dianteira, também é da kombi, mas com alteração no caster.
com suporte e trilhos do fusca, os bancos*, que ja dissemos aqui, eram da mercedinha, mais especificamente, da MB 608.



*estes bancos que você vê, são de opala, ainda herança da compra original. os bancos da MB 608 nao são a coisa mais fácil de achar, mas acha-se. se você não fizer questão de originalidade a cem por cento, pode mandar fazer os " bancos caixotes dobráveis" dos velhos e bons jeeps 51, por exemplo, o que dá muito jeito para o acesso.o banco traseiro original do jeg, é para três pessoas(vamos publicar as fotos mais adiante na etrada) no meu caso, optei por reduzir para duas pessoas, o suficiente para cobrir a bateria e caixa de ferramentas que fica sob o banco, ganhando espaço nas laterais para transporte de objetos mais compridos. pessoalmente, acho que fica mais com espírito de jeep, bancos dianteiros que não tenham, importantíssima, proteção para o pescoço. neste sentido estamos estudando colocar bancos que o tenham, mas cuja altura, não distõe, a exemplo destes bancos do opala. no caso, os bancos das mercedinhas 708 em diante, nos parecem mais equilibrados entre segurança - muito embora eu não vá fazer trilhas, apenas trânsito em estradas de terra e areia - e design.

poeiraaaá, levantou poeira

além do horizonte













existe um lugar, bonito e tranquilo pra gente trilhar.

Sunday, February 19, 2006

el dia en que me quieras(o amor não é lindo?)


onde havia um porto para zepelins, durante a segunda guerra, no recife, avistei um jeg pela segunda vez na vida. quem foi que disse que a primeira vez é sempre melhor ? balela. avistei de longe, era também amarelo, em estado razoável. um placa de vende-se mais largadona do que ele estava. um sujeito de pouco papo, e bastante sem saco, veio atender-me, demonstrando uma vontade enorme que eu me mandasse dali, que o sol tava quente, e ele queria mais era dormir. estaria eu no méxico?

uns ferrugens na carroceria, o suficiente para que minha inexperiência a classificasse de buraco que não vale a pena. dei meia volta olhei procurando a velha torre de atracação de zepelins do jiquiá e sumi.

vinte anos mais tarde, numa oficina " especializada" em jipes, o mecânico, não quis saber porque apelidado de roberto maluco, indicou-me que havia um jeg lá no campo do jiquiá. parado há três meses. branco e com as características do segundo jeg que havia visto, conforme discrição aqui.

e lá fui eu montado no jegboy que tenho hoje. um pouco para ver se encontrava um jeg com as aletas de ventilação inteiras para poder copiá-las, e um pouco para rever a sensação de estar de novo vivendo o passado. por quê cargas d´água sempre estamos a fazer isso ?

já havia voltado da europa há um ano. durante umas férias, havia comprado um MP-Lafer 75, modelo exportação, para restaurá-lo com precisão, assim que conseguisse dinheiro para isso. o gurgel, tocantins, TR, para minha mulher já havíamos comprado. mas eu queria um carro pra mim, prevendo a nossa mudança para a praia de baía formosa, alí no rio grande do norte, bem próximo a pipa.

razões de custo, e gosto, o javali era a minha opção. cheguei a ver cerca de meia dúzia, mas nada que me entusiasmasse. durante quase um ano, olho vivo e leitura dos classificados,quando deparo-me com: jipe, jeg, 78, em bom estado. e lá vou eu, conferir o jeg.

só muita vontade mesmo, resmungo. entre voltas e mais voltas até achar o endereço. está num prédio de classe média baixa, lavadinho, lavadinho, o que já dá para desconfiar. o dono, desses caras bem certinhos, foi comigo far uma volta. disse que o queria vender, porque com hérnia de disco, o jeg machucava muito a coluna. e realmente com as rodas aro 13 que estava, era uma temeridade.

mas razão maior para a venda, disse-me ele, se encenando, o fez muito bem: comprou o carro porque o queria passar para os filhos. mas ao levar os filhos para uma festa numa casa de recepções metida a chic, os filhos ficaram envergonhados. doeu-lhe mais na coluna, acredito.

3.500 reais, disse-me ele. não baixo nem um tostão porque coloquei chapa nova no assoalhom o carburador é novo e blá,blá,blá.

disse que ia pensar. só compraria este jeg, um ano depois, e não mais com este proprietário. mas como e quando? fica para a semana que vem.
p.s. o jegboy já mudou de cara, porque o estou restaurando, procurando devolver-lhe a face mais original possível. pra começar, agora tem a cor amarelo case, dos tratores case, assim pensada para contrastar com todos os pretos de para-choques, capotas, parafusos, pneus, etc. se você não consegue de imediato associar a cor, lembra a cor que se pintava os veículos do camel trophy, você deve se lembrar.

uns amam, outros odeiam. um javali é mesmo temperamental

"Logo que comprei foi uma alegria, que durou pouco, assim que comecei a tentar domar aquele porco, digo Jipe, descobri porque do nome Javali. A começar pelo conforto, não existe posição de dirigir adequada, pula mais que burro xucro, a direção é dura como a de um caminhão carregado, e se desgoverna pros lados, o motor 3 cilindros faz uma barulheira e tremedeira infernal, se soltam os parafusos, racha e quebra a lataria, treme até os dentes da gente, não tem estabilidade, a caixa de mudanças estava sempre quebrada, juntamente c/a caixa de transferencia, nunca tem freio, a embreagem é uma desgraça, chega a doer a sola do pé, o escapamento esta sempre quebrado, o arranque toca para o lado contrario, pifa e não tem peças, todo o projeto é mal feito, parece tecnologia dos anos 30"
Fernando Almeida, de Santa Vitória do Pomar no Rio Grande do Sul.

"Já ouvi de tudo nessa vida de tangências no mundo fora-de-estrada.Mas uma coisa que nunca ouvi, foi uma opinião sincera quanto ao crucificado jipe CBT Javali; uma das tentativas tupiniquins de veículo 4x4.
Precisei tirar a prova pessoalmente.
Desde os primórdios do meu interesse por esses veículos, quase pouco depois do abandono da sua produção, o último em 1994 segundo constam as informações, quando aprendi a diferenciar Toyotas, Jeeps, Engesas, o Javali sempre me fascinou por uma simples razão; a sua cara. Ele era e é diferente, na cara, na cor e no jeitão.
Não é bonitinho como os Jeeps, não tem cara de cópia japonesa como as Toyotas e tem lá perdido nos cafundés algum parentesco com o Engesa, outra obra prima nacional.
Quando realmente “rompi a barreira” dos carros usuais com o meu primeiro Jeep Ford Willys 1977 original, sentia no fundo no fundo uma sensaçãozinha de traição ao velho admirado. Fica pra próxima... - pensei.
Os anos passaram e andei em quase tudo que tem tração nas 4 rodas nessa vida nem tão vivida assim. O fato é que o tempo passou, o dinheirinho apareceu e as antigas paixões resurgiram. Não queria saber das últimas tecnologias desse mundo fora-de-estrada.
Estava dividido entre duas espécies distintas da fauna automobilística brasileira – um JEG ou um Javali - procurando tomar a decisão quase que escondido dos amigos entendidos, afinal pra turma “radical” de pneus gigantescos mas pintura limpa, mencionar o desejo por qualquer um dos dois, era motivo de qualquer coisa semelhante a uma risadinha.
Risadinha em vão, diga-se de passagem, afinal o que se ouvia era algum comentário de alguém “adestrado” a dizer que ambos não prestavam, sem nunca ter ao menos sentado em algum deles, quiçá visto um espécime de verdade.

Aproveitei uma festa familiar em Porto Alegre pra comprar um CBT, perdido no sítio da antiga proprietária, isso mesmo proprietária, em Gravataí. Bonitão em condições quase originais, um pouco surrado na pintura original. O transporte via carreta cegonha para Brasília foi um parto demorado. Revisão numa oficina despreparada pra receber o jipe, e lá fui eu com pneus e capota novos.

Vamos ao que interessa.
O Javali é um talento desperdiçado, mas com grande potencial.
Desperdiçado porque poderia ter evoluído. Mas não se podia esperar muito de um veículo 4x4 que era vendido ao mesmo preço do popular da época, o Chevette.
Uma lataria, chassis e longarinas absurdamente fortes e bem soldadas, um conjunto de feixes de molas bem estruturado ainda que seja tecnologia antiga.
Um espaço interno inigualável aos jipes do gênero de qualquer lugar do mundo.
Pecou na sua simplicidade e no seu jeito bronco de ser destinado a poucos que poderiam dominá-lo. Um sistema mecânico simples e bruto, mas bastante confiável.
Ótimos freios à disco originais, ótimos diferenciais Danna...isso mesmo...a mesma marca que equipa boa parte dos bonitões de hoje em dia !!
Um motor 3 cilindros Turbo Diesel de 85cv...segundo boatos, cópia de um estacionário Mercedes-Bens bem semelhante...que alguns exagerados, da mesma turma dos “adestrados” lá de cima, diziam surtadamente que trincava a carroceria. Ora, nenhum engenheiro da CBT em sã consciência iria manter a produção de um jipe por 5 anos consecutivos se algum grupo de infelizes tivesse se juntado para apresentar qualquer queixa do gênero na ocasião. Tudo mentira. De fato vibrava como qualquer motor à Diesel de baixa rotação, mas não era nenhum holocausto. Falhou em ser filho único desprovido de atenções do mercado e por desenvolver pouco dentro-de-estrada (sejamos sinceros, uns 100km no máximo) se comparado à outros, apesar de extremamente econômico em todas as situações (uma média de 13km/l de Diesel em 4x2, nada mal....). Esquentar um motor daqueles era quase impossível. Era um motorzinho simpático e bem forte para o mato.

Um sistema de câmbio Clark de quatro marchas...sim !! a mesma marca que equipa alguns do bonitões de hoje em dia....bem macio e de fácil manuseio. Caixa de tração prima do Willys - mesma ordem de engate, o mesmo princípio. Rodas livre AVM manuais...sim !! a mesma marca que bla bla bla...embreagem hidráulica oriunda dos tratores de pequeno porte da falida CBT.

Mas nem tudo era tão simpático assim.
O sistema de Direção...maldito sistema de direção que arriava o braço de qualquer parrudo afoito, que dirá de um simples mortal. É dura...mais dura que casca de tartaruga ou pão velho, nas devidas proporções é claro...eu tô falando sério...é dura !! Alguém lá da CBT na ocasião não ia com a cara do pessoal da ZF, famosa marca de sistemas hidráulicos de direção, ou nunca previu que um dia as pessoas iriam ficar mal acostumadas com o que se tem hoje em dia.

Bom, ele ainda trazia, hoje em dia esquecida, proeza de se baixar o pára-brisa.
Para os que engolem mosquito ou preferem a casca fechada que os protege das temidas mazelas da urbis moderna, onde o jipe transita em 99% das vezes que sai da garagem, isto não faz diferença. Mas pra quem curte um dia de sol, a brisa noturna, e tá pouco se lixando se o chefe vai reclamar do cabelo despenteado, ah sim...dá tanta saudade !!

Enfim, pra quem pretende e pode se aventurar na opção de compra de um Javali, prepare-se pra cuidar de um cara tímido, mas que aceita qualquer roupa nova que muitos não vestem, por um custo muito menor dos que muitos nem tão merecedores e inflacionados senhores à Diesel recauchutados por aí. E se ele ainda estiver como veio ao mundo, parabéns, é a prova de que tudo o que se tem dito de mal vai por água abaixo. Dê uma ligeira atualizada e divirta-se. Só não o tenha como filho único, pra evitar decepções.

A minha estória terminou com um rito de passagem a outro apreciador como eu, nas mesmas circunstâncias de distância, uma estória que poucos acreditam como poucos acreditaram na minha, na ocasião da compra. Foi o sapato que serviu no pé de quem teve vontade de calçá-lo.

E porquê o vendi ? Xii...aí entra uma outra paixão que não vai caber nesse blog.

Boa sorte !!

Rodrigo Medeiros, no seu CBT Javali 4x4 Turbo Diesel – repetindo a máxima: “O Trator que virou jipe”

manual do proprietário

dicas do niva, jegteam:

os espelhos retrovisores do jeg são os mesmos da kombi clipper. porém são usados invertidos: o esquerdo no lado direito e vice-versa;

a direção e os bancos, da mercedinha 608.

Sunday, February 12, 2006

de grito em grito: foi assim que eu cheguei no jeg

cortou-me pela direita, fdp! gritei!. gritei não, explodi! não sei como não rebentou os vidros do nosso bom e velho gurgel, comprado por exigência da minha mulher, que bateu pé: tem de ser TR. a esta altura ela olhava-me com aquela cara que todo sujeito tem de ser olhado quando se descontrola no trânsito que, sendo ou não sendo, fica com cara de imbecil filho de anta. aí, perdi a pose. mas não perdi o rebolado. e pensei cá comigo: terapia do grito. gritei, extravasei, vou economizando um infarto a menos, um avc, afinal de contas, pombas! um homem também tem direito de dar seus gritinhos, sorrindo cá comigo.

TR tocantins, disse-me ela. tem um pouquinho mais de espaço e fechado, é mais seguro para mim. não é melhor um fiat, ainda sugeri? não. é caro e todo mundo fica de olho. gurgel é mais seguro e valente, manutenção mais barata, com sorte nem guardador de carro encosta. como ia eu discordar?

mal passado do corte pela direita eis que pelo retrovisor vejo uma lembrança nebulosa prestes a passar por mim. não era amarelo como o primeiro que ví na vida. era branco e mal identifiquei a cor, passou-me. dei outro grito, timbre diferente, olhar diferente da minha mulher, mas o volume foi dobrado. um JEG! era um JEG , JEG, viu isso um JEG!?( se a terapia do grito funciona mesmo, de avc e de infarto eu não morria mais).

entre o surto da hora e a maresia das lembranças de quase trinta anos atrás, uma esquina e um posto de gasolina na domingos ferreira, em boa viagem, no recife. o jeg sinaliza e entra. entro também. ele pára e se abastece. eu encosto e o olhar do dono já é um sorriso identificando e identificando-se como só mesmo aqueles malucos que gostam de carros velhos ou de carros que não cairam no gosto popular, uma categoria que difere dos colecionadores ou amantes de potencia e cromados, sabem identificar.

ele me cumprimenta e deixa eu tomar conta com olhar. é um policial civil, diz que o jeg além de estar bem, melhor não há. é branco, inteiraço, quase todo original, salvo, digo isto, por conta do estepe, ou pneu reserva que traz em cima do capô, o que me deixa em dúvida se é adaptação ou se ainda remonta aos primeiros, ainda projeto da volkswagen, que realmente trazia o sobressalente no capô. mal tive tempo de perguntar. e o jeg já estava indo embora. deu pra notar que os protetores de para lama, aquelas borrachas que impedem a lama de passar, todas tinham o logotipo jeg. mais detalhes, e o jeg já estava longe.

cheiro de gasolina aquecendo a memória. o primeiro jeg que ví, era amarelo como o sol à pino que fazia na praia de tambaú, em joão pessoa. primeiro ouvi o barulho para todo sempre “pinando” do 1600 velho de guerra. depois aquela coisa sem capota, com um sujeito sem camisa, tipo bonachão, que dando uma gargalhada tonitroante, concedia uma quase explicação ao meu espanto:— é tão feio que as mulheres adoram, disparando o grito, dele, de guerra? iahuu! enquanto ria e acelerava ao mesmo tempo. acelerava pra desligar o carro? isso não e bom, também lembrei-me. isto feito, estendeu a mão e fechou a apresentação: — meu nome é golinha, sou músico, vou tocar hoje a noite ali ó, apareça, que o jeg não sobe escada, rindo mais uma vez e me mostrando um bar num mezanino acima de um restaurante francês.

não sobe, escada? sei não. levaria quase três decádas para tirar a limpo.
enquanto isto vou construindo nossa história degrau por degrau degrau para vocês subirem comigo em mais um capítulo na próxima semana.

sim, o tal músico, era meio assim como o motor do jeg: fazia um barulhinho bom, mas batia pino de vez em quando.

dê passagem, é um jipe

o voudejeg também vai de outros jipes, porque somos uma família, ainda que nela sejamos o patinho feio para tantos — cisne é para nós é o jipe, não importa o ano ou modelo, se bem que preferimos os antigos ou "enjeitados", que nos fazem mais felizes. portanto, ainda que majoritariamente o jeg aqui seja o dono da estrada, nós daremos passagem a outros jeeps e viaturas que se enquadrem no espírito do viva e deixe eu viver. a moçada dos boxers refrigerados a ar, 1200,1300,1600,1700,1800 aqui tem preferência. disso não tenham dúvidas. porque na dúvida, não ultrapasse.

de volta ao futuro


o nosso " ultrapassado bandeirante " agora up-to-date pela bagatela de 88 mil dólares, made in california.


Bandeirante "2006" o jipe da hora e da vez


Por aqui, o modelo ficou conhecido como Bandeirante e deixou órfãos ao sair de linha, em 2001. No resto do mundo, o Land Cruiser FJ40 (seu nome original) também fez uma legião de admiradores — tanto que agora é trazido de volta à vida numa versão artesanal. A empresa californiana TLC, que há dez anos restaura velhos Toyota, decidiu fazer uma réplica completa do jipe.

A partir do chassi original, que é jateado e reforçado, a TLC faz um “Bandeirante” zero-quilômetro e bem brabo, batizado de Icon. A carroceria de alumínio é estampada no Canadá e tem desenho que reproduz o FJ de 1960.

— Alteramos a distribuição de pesos, melhoramos a segurança e a ergonomia — diz Jonathan Ward, dono da TLC.

Os feixes de molas tiveram curso aumentado e ganharam buchas modernas. Direção e transmissão foram atualizadas com o que há de melhor no mercado de preparação de 4x4.

O motor é um clássico americano: o Chevrolet V8 350 small block , robusto e de manutenção fácil. Ward prevê ainda uma versão a diesel, com o motor MWM International 3.0 feito no Brasil (o mesmo da Ranger, com 163cv).

Com opcionais ao gosto do cliente, o Icon pode ficar com visual antigo, ou parecer uma versão do século XXI. Seu preço é assustador: US$ 88 mil, nos EUA. Para comparar, um Hummer H2 sai por US$ 50 mil. Mesmo assim, já foram vendidos sete jipes Icon, todos a gasolina.

Lembramos que a própria Toyota logo começará a oferecer nos EUA o modelo FJ Cruiser, um galipão moderno cujo estilo evoca o Land Cruiser original. Estávamos na vanguarda com nosso velho Bandeirante, quem diria...

in o globo.

Sunday, February 05, 2006

jeg: se não fosse assim, "torado no grosso", tinha tudo para ser um wando

compacto, atarracado, contido.
"feinho, feinho", mas com uma coleção de calcinhas de deixar muito pajero* murcho.

a estética do jeg poderia listar dezenas de adjetivos, tal como " torado no grosso", que na paraíba significa baixinho e forte — curiosamente não há registro de jeg na paraíba, me informou o presidente do jeep clube de lá, há cerca de dois anos. muito embora fosse lá que ví o primeiro jeg da minha vida. jeg, o carro. não estou falando do jegue animal. que também está a beira da extinção, chegando a ser "vendidos" por um real. sim, os jeeps clube também acham o jeg um jegue, que no nordeste também significa uma coisa brega, e costumam não classificá-lo como animal da família. quer dizer como jeep. vendo-o como um espécime menor. o que acontece também com os gurgéis que, embora conste nos documentos como jeeps, nem assim são tratados. sabe como é. num pais mistura de raças e outras tantas coisas mescladas pelo acaso, ideologia ou necessidade. e que começou a receita com ingredientes que incluiam degregados de côrte baixa, religiosos e índios estupefatos, ainda insistimos em querer ser puros sangue. como se isso desse superioridade a alguém. só se for pra cavalo, quer dizer gente dita assim com estes modos. o que é uma afronta a qualquer pangaré. pra alguns jeeps clube de agora, até javali é olhado de soslaio - é uma implicância com os bichos não ? da safra nacional salva-se o engesa e o troller, este quanto a mim , jipe para radicais de shopping, como a maior parte dos importados. mas essa é uma história de status cú, a ser contada para quando pegarmos outras curvas.

o projetista do jeg, um coronel do exército, algo sobre o misterioso e o neurótico, deu uma entrevista dia desses para a fusca&companhia. inclusive revelando que possuia um pequeno estoque de peças de reposição. e que estaria disposto a negociá-las. o que nao se confirmou. na entrevista deixou fotografar seu jeg, o único a diesel(motorizaçao da kombi) e 4x4, com mais algumas alterações, dizem para evitar trincas, que somam-se aos jegs de traseira reta e "quebrada". falaremos dos detalhes noutros posts. por hora fique sabendo do seguinte: se é proprietario do jeg, vai ter de aprender a domá-lo sozinho. existe manual para o bichinho mas é coisa rara. quem sabe aparece por aqui um dia. apesar de me jurarem que o filho do espanhol( o jég é" filho" de um espanhol e um pernambucano) que era dono da dacunha, empresa cegonheira, que fabricou o jeg -  filha única que não vingou - ainda tem dezenas. mas não dá, não troca, não vende. e o único que vi para venda, por cem reais, no mercado livre, escafedeu-se de uma hora para outra. outra coisa: se alguém lhe prometer mandar cópias do manual, esqueça: tive três promessas e nenhuma se confirmou. apesar da controvérsia sobre os números de jeg fabricados, alguns dizem pouco mais de 400 e uns 10 mais ou menos 4 x4. mas o nivaldo, conhecido como niva, por coincidência nome de jipe russo) da jegteam - que curiosamente não tem mais nada a ver com jegs, já que só trabalha para incrementação e adaptações para outras marcas, sim o nivaldo teria pelo menos um manual, jura que montou 8 jegs em fim de festa, que seriam os últimos exemplares adquiridos por um grupo parece que ligado a fabrica(fornecedores, ex-funcionários, não sei ao certo).e neles aplicou plaquetas com número para lá dos quinhentos. isto pode não significar nada. afinal, se até certidão de nascimento se falsifica. o que importa, infelizmente, ao que parece, é que somos poucos e desunidos, o que não acontece com os jegs, que são bastante sociáveis, os animais, entre si, apesar de uns coices aqui outros alí.

fique sabendo que o jeg foi concebido, pelo menos é o que dizem, pelo mesmo coronel que projetou os carros de combate urutú e osório. e que, consciente ou inconscientemente, ele incorporou alguma coisa da bahaus, escola alemâ de arte e design. alias o jeg( ou seria o volks versão militar) foi testado na alemanha e comparado ao M-80. mas ao que parece o que é bom para a alemanha não e bom para o brasil.

do sotaque alemão, é típico a frente do jeg,com seu para-brisa grande e largo. costuma deixá-lo arrastado em dias de ventania. o que aumenta-lhe o consumo o suficiente para transformar o seu almoço em sanduíche. mas por outro lado, jeg nao foi feito para correr e sim para tocar o pesado.

como você não é jeg, vou encerra por aqui. que é para a leitura não se tornar muito pesada.

hoje, foi só para você ter mais uma idéia do que vai encontrar por aqui. espalhado como peças do meu jeg em restauraçao: pitadas de história, de mecânica, de dicas, conjuntamente com a história da minha paixão que começou há quase trinta anos atrás, quando ví um jeg na praia de tambaú, joão pessoa, dirijido por um músico local, conhecido como "golinha". era amarelo e para mim brilhou tanto quanto aquele dia de sol e águas mornas, cheias de "calcinhas" em volta.

semana que vem conto mais.

e fotos? não vai ter fotos ? é claro que vai. até de jeg na suíça. mas fotos aqui vão ser publicadas a maneira de strip-teaser. seu eu sair mostrando tudo logo de uma vez, você levanta e vai pedir o dinheiro de volta. e objetivo do voudejeg, pretencioso ou não, é deixar você cheio de tesão por ele, repetindo, por ele, sai pra lá; e zequinha dessa novela internética.

e por falar nisso a nossa novela não sera contada de maneira linear, do tipo como conheci o jeg, como comprei o primeiro, como fiz a primeira viagem, o primeiro pneu furado. vamos contar ora na estrada, ora no asfalto, ora na pirambeira. vamos percorrer o trajeto como nas novelas, com estradas(história)paralelas, flash-backs, voltando a partes da história lá atrás ou avançando para o futuro imaginado, sem deixar o motor morrer - não se preocupe .

e já agora, você sabia que o jeg, entre outros itens, usa como direção, a original da mercedinha 608 ? é, esta é um dica do passado que eu só vou desdobrar lá pro futuro.

não se perca então do presente. e aperte o cinto. que o jeg, sem estar carregado, afinal mal começamos a viagem e nem juntamos tralha que vamos colecionar durante o caminho, pulula como bode, principalmente em terreno pedregoso.

* pajero, em espanhol, também significa orgão sexual masculino. e, independentemente do carro ser do caralho ou não, a fábrica achou melhor adotar outro nome. digamos, menos duro. por razões compreensivas. afinal, ja pensou você ou eu, ou nossas mulheres, dizendo que vai pegar o cara... ôops! pajero, e dar umas voltas para arejar a cabeça ?

p.s. 1 - no brasil, mudanças como esta já foram adotadas. para quem se lembra a shell durante muito tempo vendeu gasolina com ICA, " só shell tem ICA ". pois bem, ICA picas, porque era isso mesmo PICA (pré-ignition control acditive) ficou ICA pelas mesmas razões. sei, sei, você já está a imaginar o mico que seria chegar no posto e o bombeiro com a mangueira de combustivel na mão lhe perguntando: vai shell com PICA ai doutor ?

p.s. 2 - apesar do voudejeg hoje acabar por se tornar erótico demais pra muita gente, eu não poderia deixar de dizer, que jegue no nordeste também significa o sujeito que tem a "mangueira" avantajada igual a do jegue o que deixa muito dono de pajero com complexo.