Sunday, February 05, 2006

jeg: se não fosse assim, "torado no grosso", tinha tudo para ser um wando

compacto, atarracado, contido.
"feinho, feinho", mas com uma coleção de calcinhas de deixar muito pajero* murcho.

a estética do jeg poderia listar dezenas de adjetivos, tal como " torado no grosso", que na paraíba significa baixinho e forte — curiosamente não há registro de jeg na paraíba, me informou o presidente do jeep clube de lá, há cerca de dois anos. muito embora fosse lá que ví o primeiro jeg da minha vida. jeg, o carro. não estou falando do jegue animal. que também está a beira da extinção, chegando a ser "vendidos" por um real. sim, os jeeps clube também acham o jeg um jegue, que no nordeste também significa uma coisa brega, e costumam não classificá-lo como animal da família. quer dizer como jeep. vendo-o como um espécime menor. o que acontece também com os gurgéis que, embora conste nos documentos como jeeps, nem assim são tratados. sabe como é. num pais mistura de raças e outras tantas coisas mescladas pelo acaso, ideologia ou necessidade. e que começou a receita com ingredientes que incluiam degregados de côrte baixa, religiosos e índios estupefatos, ainda insistimos em querer ser puros sangue. como se isso desse superioridade a alguém. só se for pra cavalo, quer dizer gente dita assim com estes modos. o que é uma afronta a qualquer pangaré. pra alguns jeeps clube de agora, até javali é olhado de soslaio - é uma implicância com os bichos não ? da safra nacional salva-se o engesa e o troller, este quanto a mim , jipe para radicais de shopping, como a maior parte dos importados. mas essa é uma história de status cú, a ser contada para quando pegarmos outras curvas.

o projetista do jeg, um coronel do exército, algo sobre o misterioso e o neurótico, deu uma entrevista dia desses para a fusca&companhia. inclusive revelando que possuia um pequeno estoque de peças de reposição. e que estaria disposto a negociá-las. o que nao se confirmou. na entrevista deixou fotografar seu jeg, o único a diesel(motorizaçao da kombi) e 4x4, com mais algumas alterações, dizem para evitar trincas, que somam-se aos jegs de traseira reta e "quebrada". falaremos dos detalhes noutros posts. por hora fique sabendo do seguinte: se é proprietario do jeg, vai ter de aprender a domá-lo sozinho. existe manual para o bichinho mas é coisa rara. quem sabe aparece por aqui um dia. apesar de me jurarem que o filho do espanhol( o jég é" filho" de um espanhol e um pernambucano) que era dono da dacunha, empresa cegonheira, que fabricou o jeg -  filha única que não vingou - ainda tem dezenas. mas não dá, não troca, não vende. e o único que vi para venda, por cem reais, no mercado livre, escafedeu-se de uma hora para outra. outra coisa: se alguém lhe prometer mandar cópias do manual, esqueça: tive três promessas e nenhuma se confirmou. apesar da controvérsia sobre os números de jeg fabricados, alguns dizem pouco mais de 400 e uns 10 mais ou menos 4 x4. mas o nivaldo, conhecido como niva, por coincidência nome de jipe russo) da jegteam - que curiosamente não tem mais nada a ver com jegs, já que só trabalha para incrementação e adaptações para outras marcas, sim o nivaldo teria pelo menos um manual, jura que montou 8 jegs em fim de festa, que seriam os últimos exemplares adquiridos por um grupo parece que ligado a fabrica(fornecedores, ex-funcionários, não sei ao certo).e neles aplicou plaquetas com número para lá dos quinhentos. isto pode não significar nada. afinal, se até certidão de nascimento se falsifica. o que importa, infelizmente, ao que parece, é que somos poucos e desunidos, o que não acontece com os jegs, que são bastante sociáveis, os animais, entre si, apesar de uns coices aqui outros alí.

fique sabendo que o jeg foi concebido, pelo menos é o que dizem, pelo mesmo coronel que projetou os carros de combate urutú e osório. e que, consciente ou inconscientemente, ele incorporou alguma coisa da bahaus, escola alemâ de arte e design. alias o jeg( ou seria o volks versão militar) foi testado na alemanha e comparado ao M-80. mas ao que parece o que é bom para a alemanha não e bom para o brasil.

do sotaque alemão, é típico a frente do jeg,com seu para-brisa grande e largo. costuma deixá-lo arrastado em dias de ventania. o que aumenta-lhe o consumo o suficiente para transformar o seu almoço em sanduíche. mas por outro lado, jeg nao foi feito para correr e sim para tocar o pesado.

como você não é jeg, vou encerra por aqui. que é para a leitura não se tornar muito pesada.

hoje, foi só para você ter mais uma idéia do que vai encontrar por aqui. espalhado como peças do meu jeg em restauraçao: pitadas de história, de mecânica, de dicas, conjuntamente com a história da minha paixão que começou há quase trinta anos atrás, quando ví um jeg na praia de tambaú, joão pessoa, dirijido por um músico local, conhecido como "golinha". era amarelo e para mim brilhou tanto quanto aquele dia de sol e águas mornas, cheias de "calcinhas" em volta.

semana que vem conto mais.

e fotos? não vai ter fotos ? é claro que vai. até de jeg na suíça. mas fotos aqui vão ser publicadas a maneira de strip-teaser. seu eu sair mostrando tudo logo de uma vez, você levanta e vai pedir o dinheiro de volta. e objetivo do voudejeg, pretencioso ou não, é deixar você cheio de tesão por ele, repetindo, por ele, sai pra lá; e zequinha dessa novela internética.

e por falar nisso a nossa novela não sera contada de maneira linear, do tipo como conheci o jeg, como comprei o primeiro, como fiz a primeira viagem, o primeiro pneu furado. vamos contar ora na estrada, ora no asfalto, ora na pirambeira. vamos percorrer o trajeto como nas novelas, com estradas(história)paralelas, flash-backs, voltando a partes da história lá atrás ou avançando para o futuro imaginado, sem deixar o motor morrer - não se preocupe .

e já agora, você sabia que o jeg, entre outros itens, usa como direção, a original da mercedinha 608 ? é, esta é um dica do passado que eu só vou desdobrar lá pro futuro.

não se perca então do presente. e aperte o cinto. que o jeg, sem estar carregado, afinal mal começamos a viagem e nem juntamos tralha que vamos colecionar durante o caminho, pulula como bode, principalmente em terreno pedregoso.

* pajero, em espanhol, também significa orgão sexual masculino. e, independentemente do carro ser do caralho ou não, a fábrica achou melhor adotar outro nome. digamos, menos duro. por razões compreensivas. afinal, ja pensou você ou eu, ou nossas mulheres, dizendo que vai pegar o cara... ôops! pajero, e dar umas voltas para arejar a cabeça ?

p.s. 1 - no brasil, mudanças como esta já foram adotadas. para quem se lembra a shell durante muito tempo vendeu gasolina com ICA, " só shell tem ICA ". pois bem, ICA picas, porque era isso mesmo PICA (pré-ignition control acditive) ficou ICA pelas mesmas razões. sei, sei, você já está a imaginar o mico que seria chegar no posto e o bombeiro com a mangueira de combustivel na mão lhe perguntando: vai shell com PICA ai doutor ?

p.s. 2 - apesar do voudejeg hoje acabar por se tornar erótico demais pra muita gente, eu não poderia deixar de dizer, que jegue no nordeste também significa o sujeito que tem a "mangueira" avantajada igual a do jegue o que deixa muito dono de pajero com complexo.

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